sexta-feira, 3 de outubro de 2008

...Aprendendo a conviver com as diferenças...



Meu avô, quando estava bem velhinho, vivia dizendo que as pessoas eram como laranjas. Todas iguais e, ao mesmo tempo, todas diferentes uma das outras.
Ele esparramava as laranjas da fruteira em uma mesa e explicava que todas elas eram redondas e amarelas. Depois, começava a indicar as diferenças entre elas. Uma era mais achatada, outra mais longa. Uma tinha a casca lisa, outra a casca mais grossa. Uma cheia de pintas, outra repleta de verrugas.
Mas meu avô não parava por ai. Cortava as laranjas ao meio e mostrava que não eram apenas parecidas por fora. Também eram semelhantes por dentro. E, logo em seguida, apontava as diferenças. A quantidade de sementes, os vários formatos, a disposição dos gomos, as cores, as doces as azedas, e muito mais.
Ele falava que, apesar das diferenças, todas as laranjas viviam juntas, numa mesma árvore, a laranjeira. E as árvores viviam juntas, uma ao lado da outra no pomar.
Com toda essa história, meu avô queria dizer alguma coisa sobre a necessidade das pessoas conviverem com as diferenças. Se relacionarem com as diferenças de maneira natural e tranquila, sem nenhum bicho de sete cabeças.
(Marcos Losnak)

...La vida me ha puesto una flor en el pelo...



Te quiero, de Mario Benedetti

Tus manos son mi caricia

mis acordes cotidianos
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia
si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos
tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro
tu boca que es tuya y mía
tu boca no se equivoca
te quiero porque tu boca
sabe gritar rebeldía
si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos
y por tu rostro sincero
y tu paso vagabundo
y tu llanto por el mundo
porque sos pueblo te quiero
y porque amor no es aureola
ni cándida moraleja
y porque somos pareja
que sabe que no está sola
te quiero en mi paraíso
es decir que en mi país
la gente vive feliz
aunque no tenga permiso
si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo
y en la calle codo a codo
somos mucho mas que dos.
(in INVENTARIO UNO, p. 316)